Estátua

Observando as pessoas, observando suas ações, observando seus desejos, suas conquistas, seus fracassos. É assim que sempre fui. É assim que sempre serei.

Eu observo, só observo.. as pessoas sempre tem algo interessante para me contar de suas vidas, mas eu sempre estou aqui, parada, percebendo que não possuo ambições, não possuo sentido, não possuo vida, não possuo nada. Nada me possui.

Todos sempre estão indo, vindo, voltando, desaparecendo, mas eu continuo imóvel, permanentemente imutável, permanentemente estacada no mesmo lugar, no mesmo sentimento, no mesmo conformismo, no mesmo ideal de vida.

O mundo tá girando, o mundo tá em constante mudança, mas e eu ? Eu só digo "ok", eu me acostumei, eu me conformei. Eu sou assim, eu não quero ser assim.

As pessoas se cansaram da minha tristeza, se cansaram do meu tédio, se cansaram das minhas dívidas comigo mesma, se cansaram das minhas histórias, é como se não fizesse mais nenhum sentido nada do que eu falo, tudo chegou ao fim. Meu fim.

E eu estou parada, somente esperando, somente reclamando, nunca mudando, nunca me transformando, PERMANENTEMENTE IMUTÁVEL.

Uma estátua num centro de uma cidade triste, que já não se importa mais com suas obras, uma estátua que só serve como abrigo de pombos e pessoas procurando por sombra quando o sol castiga, e quando o sol se vai, um abrigo para mendigos bêbados.